Revoltas camponesas na Idade Média. 1358: a violência da Jacquerie na visão de Jean Froissart
Ricardo da COSTA (link sends e-mail)
Em 1358, o reino da França foi palco de uma violenta guerra social entre as ordens, a Jacquerie, uma sublevação camponesa que, apesar de ter durado somente um mês, foi de uma incrível brutalidade, com igual resposta por parte dos nobres — a sociedade de ordens baseava-se num princípio de desigualdade, próprio da estrutura do cosmo. Implicava uma hierarquia, que, por sua vez, estruturava-se conforme a doutrina do corpo místico, adaptado à realeza (o rei, a cabeça, e as ordens, os membros).
O Estado era pensado como um organismo vivo. Não era a riqueza que conferia o escalão social e a dignidade e sim a posse de uma dignidade, que determinava a seu detentor as fontes de rendimentos, o poder sobre outros homens. Ela era obtida de diversas maneiras (por exemplo, por hereditariedade nobiliárquica ou por um determinado serviço prestado ao rei). Em suma, era uma sociedade de símbolos (trajes ou adornos especiais) e de privilégios (DURAND, s/d: 531).
O Grande Terror da Jacquerie (e sua repressão) exprimiu com intenso vigor o estado de tensão latente entre as ordens naquela metade do século XIV — as principais fontes para a Jacquerie são:Chronique des règnes de Jean II et de Charles V (Delachenal: 1910-1920, IV vols.), Chronique of Jean de Venette (Newhall: 1953), Chronique de Jean de Bel (Viard e Dèprez: 1904-1905, II vols.) e as Crônicas de Jean Froissart (1988).
Este artigo trata da Jacquerie na visão do cronista Jean Froissart (c. 1337-1410), um momento raro em que a voz do camponês se fez presente na documentação medieval. De fato, o problema da natureza das fontes medievais, seu caráter claramente omisso em relação a este grupo social, inibe uma análise mais profunda sobre os sentimentos dos camponeses em relação a seus senhores.
Como o objetivo deste artigo é a Jacquerie, não tratarei da evolução e imbricamento das condições sociais da massa camponesa (os servos — servi, o escravo do século IX, o colono e vilão dos séculos XI e XII). Tampouco comentarei as especificidades dos casos francês e alemão (BLOCH, 1987: 268-287). Trabalharei, nas palavras de Marc Bloch, com a “oposição primordial” da sociedade medieval (e adotada mais tarde por Georges Duby): senhores e camponeses.
Os estudos arqueológicos não fornecem dados significativos dos modos de pensar e sentir daquele estrato social, o maior de todos, a base material que alicerçou as sociedades medievais durante toda a sua existência — uma projeção bastante cautelosa afirma que no século XIII eles seriam cerca de 69% da população européia (GEREMEK, 1986: 71). Para Jacques Le Goff, eles seriam 90% da população européia (LE GOFF, 1998: 109).
Sabemos com relativa segurança as formas de trabalho na terra (DUBY: 1987-1988), as fomes, os direitos dos senhores (DUBY, 1990: 11-41), os deveres dos camponeses (FOURQUIN, 1987: 166-175), as persistências pagãs — ver, por exemplo, São Cesário de Arles (470-543) em seu “Sermão para uma paróquia rural” (LAULAND, 1998: 42-48). Podemos até mesmo reconstituir a estrutura de uma casa camponesa (NICHOLAS, 1999: 174-177), sua alimentação, mas sobre a natureza dos sentimentos do camponês em relação à sua condição servil, temos pouca informação. Esta dificuldade deve ser ressaltada: os silêncios da documentação. É o historiador catando as migalhas documentais à procura de informações sobre seu tema.
No entanto, esta omissão das fontes não deve nos enganar, pois à toda ação segue-se uma reação. Ser explorado provoca resistências (por vezes passivas, silenciosas), tumultos, deserções, fugas para as florestas — especialmente a partir do século XII (FOURQUIN, op. cit.: 168), violências esporádicas — por exemplo, “...a surda guerrilha dos roubos nas terras do senhor (...) do incêndio das suas colheitas.” (LE GOFF, 1984, volume II: 61).
Violências também fortuitas que, sob certas circunstâncias conjunturais, poderiam assumir a forma de uma rebelião aberta e desafiadora ao status quo vigente, como foi o caso da Jacquerie.
Naturalmente, além do problema das fontes, as circunstâncias históricas e culturais das relações sociais na sociedade medieval serviram de atenuante para a maior parte dos historiadores que tentaram explicar as revoltas camponesas do século XIV. Portanto, a visão que defendo aqui — a que a Jacquerie foi uma guerra entre as ordens (e não classes) sociais — de maneira nenhuma possui consenso, embora a crônica de Froissart passe exatamente esta impressão, como veremos adiante. Para a impossibilidade da adoção do conceito de classe para este período, ver Fourquin (op. cit.: 222-223); para o uso deste conceito na Idade Média, ver Jacques Le Goff (op. cit.: volume II).
Feitas estas considerações preliminares, antes de tratar do depoimento de Jean Froissart sobre a Jacquerie, farei uma breve digressão sobre algumas passagens de documentos medievais onde o sentimento da condição de servo se fez presente. Este será o recorte das fontes: qual a sensação de viver nas camadas inferiores.
Em outras palavras, onde e de que forma surge no documento a consciência de pertencer a uma ordem subalterna e explorada — isto apesar de todos os direitos que eles também possuíam — e a estreiteza do contato social que existia entre senhor e servo: “Na realidade, nunca os contatos foram mais estreitos entre as classes ditas dirigentes — neste caso os nobres — e o povo: contatos que a noção de laço pessoal facilita, essencial para a sociedade medieval — que as cerimónias locais, festas religiosas e outras multiplicam, e nas quais o senhor encontra o rendeiro, aprende a conhecê-lo e partilha a sua existência muito mais estreitamente que nos nossos dias os pequenos burgueses partilham a dos seus criados” (PERNOUD, s/d: 47).
Esta consciência de pertença a um grupo aparece em lampejos cronísticos, fontes que são sempre escritas por gente que não pertencia a esta ordem — mais um problema da natureza documental — mas, que mesmo assim, nos mostra que a sociedade medieval não era tão harmoniosa como os textos a princípio nos fazem crer. Jacques Le Goff já assinalou bem o motivo pelo qual as fontes medievais silenciam os antagonismos sociais: o quase monopólio literário dos clérigos até o século XIII (LE GOFF, op. cit., vol. II: 55).
Pierre Bonnassie distingue duas fases na história das revoltas camponesas da Idade Média:
1) do final do século X até o século XII e
2) séculos XIV-XV (BONASSIE, 1985: 127) — na Alta Idade Média, a documentação simplesmente omite a existência do camponês: “não há camponês nem mundo rural na literatura dos séculos V e VI” (LE GOFF, 1980: 121-133).
O autor propõe três motivos:
1) A ideologia da Alta Idade Média não era favorável ao trabalho, privilegiando o modo de vida militar e a vida contemplativa
2) O peso econômico e social do campesinato tornou-se quase nulo
3) A arte torna-se abstrata e o realismo social e humano regride, o que provoca esta ausência do camponês também nas representações artísticas do período.
Por sua vez, Georges Duby destaca o motivo comum das revoltas camponesas medievais: a resistência aos impostos (DUBY, 1988: 213). Para a primeira fase das revoltas, selecionei duas passagens de fontes onde a consciência de pertença a um grupo oprimido está presente: uma revolta na Normandia em 996 brutalmente sufocada pelos barões e um diálogo fictício entre um amo e seu escravo, na Inglaterra anglo-saxã do século X.
Em 996 estourou uma revolta camponesa na Normandia. Robert Wace (n.1110), um anglo-normando cônego de Bayeux, funcionário de Henrique Plantageneta, escreveu uma crônica literária (incompleta) dos duques da Normandia intitulada Roman de Rou (Romance de Rollon, c.1170-1175), mais de cento e cinquenta anos depois do acontecido, e, portanto, baseando-se principalmente em fontes latinas (especialmente a narrativa escrita cem anos antes pelo monge Guilherme de Jumièges).
Escrevendo em forma de versos rimados, em “romance” — a língua literária das cortes (DUBY, 1992: 170), Wace deixou transparecer todo o ódio do camponês normando contra seus senhores:
Filhos da puta, dizem alguns
Porque nos deixamos maltratar?
Livremo-nos da sua maldade!
Nós somos homens como eles
Temos membros como os seus
E corpo de igual tamanho
E do mesmo modo sofremos
Só nos falta a coragem
Unamo-nos por um juramento...
(WACE. Roman de Rou [org. A. J. Holden, 1970-1973], v. 864-872.
Citado em BONASSIE: op. cit.: 128).
O discurso baseia-se na afirmativa da unidade do ser humano. “Eles são como nós”: esta é uma fala que pressupõe o combate (e a consciência de que é a parte fraca na luta). É o desejo de igualar-se ao inimigo, retirar-lhe a aura mística de superioridade (neste caso, a dignidade de sua ordem), deixá-lo humano. A ênfase é dada ao corpo (e membros): a dor é igual para todos. Eles também podem sangrar. Basta coragem. Para isso, é necessário o juramento coletivo. A união do grupo reforça e inibe o medo. Sem dúvida, trata-se de um primeiro passo para a afirmação de uma ação coletiva.
Naturalmente, pela natureza tardia do escrito, é certo que tais palavras não foram proferidas desta forma, talvez nem mesmo tenham sido ditas. No entanto, o desejo de Wace registrar o fato era, sem dúvida, o de passar a sensação de revolta, o ambiente turbulhante no qual a Normandia esteve envolvida.
Como nos diz Wace, os camponeses, com a divisa “O nosso inimigo é o nosso senhor” (Notre ennemi, c’est notre maître) se uniram por um juramento, elegendo “os mais hábeis, os que melhor falavam” (Les plus adroits, les mieux parlant) para que nunca tivessem senhor ou mediador. Ao saber disso, o duque enviou um conde, de nome Raoul, com forte cavalaria, para reprimir os insurretos. A brutal repressão senhorial descrita por Wace fala por si:
Raoul exaltou-se de tal modo / Que não fez julgamentos / Pô-los todos tristes e doloridos / A muitos arrancar os dentes / E a outros mandou empalar / Arrancar os olhos, cortar os pulsos / A todos mandou assar os jarretes / Mesmo que com isso morressem / Outros foram queimados vivos / Ou metidos em chumbo a ferver / Assim mandou tratar a todos / Ficaram com aspecto horroroso / Não foram depois disso vistos em parte nenhuma / Onde não fossem bem reconhecidos / A comuna ficou reduzida a nada / E os vilãos portaram-se bem / Retiraram-se e demitiram-se / Daquilo que tinham começado
Na Inglaterra anglo-saxã anterior à invasão normanda (TREVELYAN, s/d: 37-92), Aelfric, um mestre-escola de Wessex (987-1002) lecionou na escola do mosteiro em Cerne Abbas, próximo de Winchester — um indício da força deste reino, que, desde o rei Alfredo, soube resistir às invasões escandinavas (BLOCH, op. cit.: 39-43). Ali, em Cerne Abbas, Aelfric praticava o latim com seus discípulos através de textos seus (SWANTON: 1993). Eram principalmente diálogos entre personagens fictícios, mas especiais, porque expressavam as relações sociais, o cotidiano da época. Nestes colóquios (Colloquy), os protagonistas eram, de um lado, pescadores e lavradores, e de outro, seus amos (BARRACLOUGH: 1960). Num deles, o lavrador descreve seu trabalho:
Amo: — O que você diz, lavrador? Como realiza seu trabalho?
Lavrador: — Trabalho muito, meu senhor. Saio de casa ao raiar do dia. Levo os bois para o campo e prendo o arado; por medo do meu senhor, não há inverno tão rigoroso em que eu ouse me esconder em casa; mas os bois jungidos, a relha e a lâmina no arado, devo arar um acre ou mais todos os dias.
Amo: — Tem algum companheiro?
Lavrador: — Tenho um rapaz que conduz os bois com a aguilhada, que agora está rouco por causa do frio e dos gritos.
Amo: — O que você faz durante o dia?
Lavrador: — Faço mais do que isso, com toda certeza. Tenho de encher o estábulo dos bois com feno, dar água, remover o estrume.
Amo: — É mesmo um trabalho árduo.
Lavrador: — É um trabalho duro, senhor, porque não sou livre.
(LACEY, 1999: 46-47)
Os especialistas consideram os colóquios escritos por Aelfric fruto da observação direta (LACEY, op. cit.:28). Naturalmente, este diálogo é absolutamente fictício. No entanto, exprime com bastante clareza o sentimento do medo: eles trabalhavam na terra por medo de seus senhores. Para ser mais preciso: os que sabiam ler e escrever pensavam que os camponeses (e escravos, como no caso anglo-saxão) trabalhavam sob coação (HEERS: 1983).
Lado-a-lado, estas duas passagens que selecionei demonstram um nível de insatisfação latente por parte do campesinato, um sentimento que provavelmente só fez crescer até chegar ao seu limite, no século XIV. “Os camponeses estão sempre zangados — diz um poema goliárdico da Boémia — e o seu coração nunca está satisfeito.” (LE GOFF, op. cit., vol. II: 60).
Pois após o ano mil, a decadência das instituições públicas e o gradativo aumento das exações (DUBY, 1988, vol. II: 96-100) — apesar das cartas de franquia — cartas outorgadas pelo senhor aos habitantes de vários senhorios que codificavam os costumes locais e protegiam os servos de interpretações abusivas do senhor e seus funcionários, “...precisando as condições e os limites em que o senhor, de futuro, poderá exigir tributos e serviços” (FOURQUIN, op. cit.: 174) —, forçou o campesinato a uma uniformização. Para baixo. Especialmente a partir do século XIII, tempo que viu alargar a distância entre ricos e pobres no mundo medieval (DUBY, 1988, vol. II: 150).
Isto fica claro quando se analisa a evolução dos termos aplicados ao camponês: pouco a pouco, um sentido pejorativo tomou conta do universo semântico que definia o homem da terra (FOURQUIN, op. cit.: 167), especialmente as palavras rusticus — camponês, mas desde o século VI como sinônimo de ignorante, iletrado, em suma, a massa desprovida de cultura (LE GOFF, 1980: 132) — e villani(vilão) — originalmente apenas o residente da villa (ROBERT, 1989: 2.094), mas no século XIV já com o sentido de fealdade moral (LE GOFF, 1984, vol. II: 58).
Os rustici também eram retratados pelos letrados com profundo desprezo, ridicularizados na literatura e na arte, nas chansons de geste, nos contos satíricos e nos poemas goliárdicos — os goliardos (ouvagants) eram clérigos marginais e urbanos que escreviam poesias criticando asperamente a sociedade de sua época (LE GOFF, 1993: 31-39).
Por exemplo, um conto dizia que a alma do vilão após a morte seria recusada no Inferno, pois os diabos se recusariam a levá-la devido ao seu mau cheiro (TUCHMANN, 1990: 162) — apenas se possuísse uma habilidade excepcional alcançaria o paraíso (“É esse o tema do fabulário intitulado Du vilain qui gagna le paradis par plaid — isto é, o vilão que ganhou o paraíso pleiteando.”) (LE GOFF, 1984, vol. II: 58).
Um poema goliárdico (A Declinação do camponês) mostrava o vilão como um gatuno (furem), ladrão (latro), maldito (maledicti), miserável (tristium), mentiroso (mendacibus) e infiel (infidelibus) (LE GOFF, 1984, vol. II: 59).
Era também comum o camponês ser descrito como um negro. Numa chanson de geste de Garin le Lorrain, Rigaud, filho do vilão Hervis é descrito da seguinte forma:
Era um rapagão de membros fortes, largo de braços, de rins e de ombros, com os olhos afastados um do outro de uma mão-travessa; não se poderia encontrar em sessenta países um rosto mais rude e mais desagradável. Tinha os cabelos eriçados e as faces negras e curtidas; havia seis meses que não lavava a cara e a única água que lha molhara tinha sido a chuva do céu”. E na floresta onde Aucassin vai a cavalo, a aparição de um jovem camponês: “Tinha uma enorme cabeça. mais negra que um tição, e tinha mais de uma mão-travessa entre os olhos, e tinha enormes bochechas e um grande nariz achatado, com as narinas largas, e lábios grossos, mais vermelhos que a carne grelhada, e grandes dentes, amarelos e feios...
(LE GOFF, 1984, volume II: 58).
Enfim, para os letrados, o camponês era um ser intermediário, a meio caminho entre os animais e o homem (LE GOFF, 1989: 93). A conjuntura do início do século XIV na França também agravou esse quadro antagônico. As calamidades que afetaram os abastecimentos (especialmente os anos muitos chuvosos a partir de 1309 e depois nos anos 1315-1317), as sucessivas guerras (com suas pilhagens e incêndios de colheitas), a Grande Peste de 1348 e 1349, o conseqüente despovoamento dos campos e a restrição dos espaços cultivados (DUBY, 1988, vol. II: 161-178) afetaram a crise das ordens no ano de 1358, e, especialmente, a imagem que o camponês tinha do pacto social e da nobreza como um todo.
Foi nesse contexto histórico de gradativo e dissimulado confronto social que aconteceu a Jacquerie. Além disso, as derrotas francesas na Guerra dos Cem Anos, o cativeiro do rei João II (1350-1364) na Inglaterra após a derrota em Poitiers (1356), mas, sobretudo, a venalidade dos ministros do rei, abriram um espaço político para que o Terceiro Estado — convocado para pagar o resgate de João II — tentassem de alguma forma restabelecer o controle constitucional. Os primeiros Estados Gerais foram convocados em 1355 e 1358, portanto, no contexto pré-insurrecional (FOURQUIN, op. cit.: 221).
Poitiers mostrou ao povo que os cavaleiros eram incapazes de assumir a missão de proteger o rei, “só ela justificava sua arrogância, seus privilégios e o sistema fiscal senhorial” (DUBY, 1992: 264). O consenso foi então bruscamente rompido.
A sublevação camponesa de maio de 1358 foi precedida por um levante burguês parisiense, que teve como líder o preboste (prévot, cargo equivalente ao de prefeito) Etienne Marcel. O preboste administrava todas as funções municipais, e era auxiliado por 10 vice-prebostes e um conselho de 24 clérigos e leigos. Rico negociante de tecidos, Marcel era também o principal representante dos grupos mercantis da burguesia parisiense no Terceiro Estado (CAZELLES, 1965: 413) — composto então pelas corporações, especialmente de comerciantes, advogados e fornecedores de gêneros alimentícios à coroa (FEBVRE, 1927).
O pano de fundo do levante burguês foi a convocação dos Estados Gerais para a captação de dinheiro para a defesa do reino contra a Inglaterra (e o resgate do rei João II). Marcel comandava metade dos delegados (400), e exigiu o afastamento dos sete conselheiros reais (sabidamente corruptos) e o confisco de suas propriedades.
Além disso, que fosse formada uma comissão chamada “Conselho dos Vinte e Oito” (12 nobres, 12 burgueses e 4 clérigos) e a libertação de Carlos, o Mau, de Navarra (TUCHMANN, 1990: 145).
O delfim Carlos fugiu de Paris, rejeitou as exigências e ordenou a dissolução dos Estados, que se recusaram. Marcel pressionou o delfim, com a ameaça de greves (das guildas e ofícios de Paris) e violência popular (armando o populacho). Sem recursos, Carlos voltou a Paris e reconvocou os Estados que, entre fevereiro e março de 1357 elaboraram, em francês, a chamada “Grande Ordenação”, sessenta e um artigos que expunham o ideal do bom governo monárquico. Além disso, seria formado um Conselho de Trinta e Seis (doze de cada Estado), para aconselhar a coroa (COVILLE, 1902: 119-121). Carlos protelou e, mais uma vez, Marcel pressionou, levando as massas às ruas, que gritavam: “Às armas!”. Carlos assinou, mas conseguiu que a nobreza retirasse o apoio na reunião dos Estados Gerais.
Em agosto, Carlos restabeleceu os conselheiros afastados e informou a Marcel e ao Conselho dos Trinta e Seis que governaria sozinho. Os acontecimentos se precipitaram: após dois discursos em Paris — um de Carlos de Navarra (libertado para ser um aliado de Marcel), outro do delfim Carlos — e o assassinato de Perrin Marc, que, por sua vez havia matado o tesoureiro do delfim — Marcel marchou com cerca de três mil artesãos e comerciantes armados até o palácio real.
Chegando ao quarto do delfim, mataram dois marechais na frente de Carlos, nas palavras de Marcel, um ato que representava “a vontade do povo” (TUCHMANN, op. cit.: 158). Após este acontecimento, os nobres definitivamente colocaram-se ao lado da coroa.
Nestas circunstâncias políticas aconteceu o levante da Jacquerie. Existem dúvidas a respeito da gota d’água que motivou a sublevação camponesa: o confisco de bens camponeses (TUCHMANN, op. cit.: 158), uma fome no norte da França (FOURQUIN: 1964) — é importante ressaltar que a revolta se espalhou a partir do norte da região parisiense, um dos campos mais prósperos da Europa (DUBY, 1988, vol. II: 214). Seja como for, uma coisa é certa: a Jacquerie traduziu a tensão latente na sociedade rural francesa de então (MOLLAT: 1973). Por sua vez, Georges Duby afirma que a revolta não teve como alvo a fortuna dos senhores, e menos ainda o regime senhorial, fazendo uma tênue distinção: os camponeses se levantaram contra um tipo de exploração realizada pelo rei e pelos chefes guerreiros, exprimindo a “desordem de certos cantões mais oprimidos pelo imposto” (DUBY, vol. II, 1988: 215).
Pelo contrário, entendo que os jacques se sublevaram contra seus senhores por entenderem que o pacto social havia se rompido e sua condição servil deveria terminar. Neste aspecto ela deve ser entendida sim como uma luta de ordens, guardadas as devidas proporções com o ambiente da época, como veremos. Pois eles não afirmaram “o desejo de aniquilar do mundo toda a nobreza?” (FROISSART, 1988: 181) Como esta passagem da fonte deve ser entendida? Apenas um “desvairio de uma multidão cega?” (DUBY, 1988, vol. II: 214)
Chegamos então a Froissart. De antemão, digo que seu texto sobre a Jacquerie não é original. O autor tampouco presenciou os acontecimentos, pois baseou-se para redigir seus escritos na Crônica de Jean le Bel. Originário de Hainaut, Jean le Bel foi canônico de Saint Lambert de Liège desde 1311 e lutou ao lado de Jean de Hainaut durante sua campanha contra a Escócia (1327). O texto de Jean le Bel é considerado a principal fonte de Froissart (COVILLE, op. cit.: 413). Froissart afirma mesmo que aumentou e historiou o livro de le Bel, “sem tomar partido, sem colorir uma coisa mais que outra, salvo os bons feitos dos bons, que os conquistaram pela sua proeza...” (FROISSART, op. cit.: 03).
Froissart inicia sua narrativa sobre a Jacquerie quando Etienne Marcel controlava Paris e pressionava o delfim. Ele afirma que esta “terrível e grande tribulação” (FROISSART, op. cit.: 179) iniciou-se no Beauvaisis (fim de maio de 1358). Cerca de cem homens (jacques — Jacques Bonhomme era o nome depreciativo dado pela nobreza ao camponês) se reuniram, num cemitério, inicialmente sem líder.
Após a decisão pela revolta, partiram até a casa do gentil-homem mais próximo, provavelmente um agente do príncipe — homens de armas estabelecidos pelo soberano (pois a revolta teve como alvo direto os homens que representavam a exploração realizada pela nobreza). Estes jacques, “armados apenas de bastões com pontas de ferro e facas” (FROISSART: op. cit.), destruíram a casa, ...mataram o cavaleiro, a dama e os filhos, grandes e pequenos, e incendiaram tudo. Logo foram a um castelo e ali ainda fizeram pior, pois prenderam o cavaleiro e o ataram a uma estaca muito fortemente, e muitos violaram a mulher e a filha diante do cavaleiro. Depois mataram a mulher, que estava grávida, a sua filha e todos os filhos, e o marido, depois de torturá-lo, queimaram-no e destruíram o castelo. (FROISSART, op. cit.: 180)
Logo surgiram líderes: um tal de Jacques Bonhomme, segundo Froissart, “...de Clermont em Beauvaisis (...) o pior dos piores”. Outro teve melhor registro:
A condição das bestas é mais feliz que a nossa, pois não são obrigadas a trabalhar mais do que a sua força lhes permite. E nós, pobres asnos, carregamos fardos e mais fardos (...) Força então meus bons amigos; despertemos e mostremos que somos homens e não bestas” (Citado em BONASSIE, op. cit.: 128)
Estas palavras são atribuídas a Guillaume Carle (Cale ou Karle) pelo cronista Belleforest. Verdadeiras ou não, o fato é que ele se destacou como o líder dos camponeses. Uma liderança, condição necessária para a resistência passiva tomar a forma de uma rebelião declarada (CHERUBINI, 1989: 91).
Carle era natural da Picardia, no noroeste da França, uma região com uma alta densidade populacional já no século X (NICHOLAS, 1999: 325). As crônicas apontam sua eloqüência natural e capacidade de organização: ele montou uma comuna que, entre outras coisas, deliberava com um selo oficial e empossava capitães locais eleitos.
Carle ainda mandou seus homens improvisarem espadas de foices e costurarem bandeiras com a flor-de-lis, para demonstrar que a insatisfação dos camponeses era contra os nobres e não contra a monarquia. Carle queria a aliança com as cidades; os dois movimentos, camponês e burguês se uniriam contra os nobres. Obteve razoável resultado: Beauvais e Senlis abriram suas portas e deram alimentos aos jacques; Beauvais e Amiens chegaram mesmo a executar vários nobres enviados pelos jacques como prisioneiros. Mas Compiègne e Caen não aderiram à revolta e receberam nobres refugiados (TUCHMANN, op. cit.: 164).
De Beauvaisis o movimento se espalhou como uma centelha para o sul de Paris, da Picardia à Normandia e Champagne. Com tochas, usavam foices, machadinhas e qualquer coisa que pudesse ser usada como arma. Apavorados, a primeira reação dos nobres foi fuga: "...cavaleiros, damas, escudeiros, suas mulheres e seus filhos fugiam deles. Damas e donzelas levavam seus filhos dez ou vinte léguas distantes, ali onde pudessem se proteger, abandonando suas casas com todos os seus bens." (FROISSART, op. cit.: 180)
Certamente jamais houve entre cristãos e sarracenos os crimes que cometiam estes miseráveis, pois quem cometia maiores atos vis, atos que nenhuma criatura humana deveria jamais nem imaginar, esse era o mais estimado e valorado entre eles.
(a palavra misérable passou a fazer parte da língua francesa em 1336, e significa “...aquele que inspira piedade e está vivendo no mal”, no sentido de más condições materiais. ROBERT, 1989: 1207).
Então o autor, baseado na crônica de Jean le Bel, descreve o canibalismo dos jacques, numa passagem que foi mais tarde repetida em várias crônicas: Pois, entre outras vilanias, mataram um cavaleiro e o cravaram em um assador para assá-lo no fogo diante de sua dama e de seus filhos. Depois que dez ou doze forçaram e violaram a dama, quiseram fazer ela comê-lo à força e logo fizeram-na morrer de má morte.
Houve mais destruição do que mortes. Nas crônicas posteriores, as mortes chegam a um total de trinta e três nobres (TUCHMANN, op. cit.: 164). Em compensação, as ...gentes miseráveis incendiaram e destruíram mais de sessenta boas casas e fortes castelos do país de Beauvaisis e dos arredores de Corbie, Amiens e Montdidier (...) saquearam entre as terras de Coucy, os bispados de Laon, Soissons e Noyon, mais de cem castelos e boas casas de cavaleiros e escudeiros, matando e roubando tudo o que encontravam (FROISSART, op. cit.:180- 181).
Mas para que a nobreza não fosse extinta do mundo, Deus deu fim à revolta: “E se Deus não houvesse posto remédio com Sua graça, a desgraça teria crescido de modo que todas as comunidades teriam destruído os gentis-homens, depois a santa Igreja e a todas as gentes ricas de todo o país, pois assim sucedeu no país de Brie e Artois”.
A nobreza, nas palavras de Barbara Tuchman, sentiu o “hálito quente da aniquilação” (TUCHMANN, op. cit.: 165). Froissart diz que os nobres de Beauvaisis, Corbiois, Vermandois e Valois e “das terras onde aqueles miseráveis cometiam seus crimes viram suas casas destruídas e seus amigos mortos, pediram ajuda a seus amigos em Flandres, Hainaut, Brabant e Bélgica”.
A reação branca então começou: “Estrangeiros e gentis-homens do país se uniram e começaram a matar e decapitar aqueles miseráveis, sem piedade nem mercê, e os penduravam nos galhos das árvores ali onde os encontravam”. O momento decisivo seria em Meaux, onde se encontrava a família real. Os jacques (cerca de “nove mil” e “com grande vontade de crimes”) chegaram a 9 de junho.
Na fortaleza, chamada “Mercado de Meaux”, estavam a mulher, a infanta e a irmã do delfim, com cerca de trezentas damas e seus filhos. A cidade abriu suas portas, instalando mesas nas ruas com pão, carne e vinho — os jacques faziam saber que esperavam esse tipo de recepção sempre que entravam numa cidade. As donzelas, quando “viram tal quantidade de gentes, sentiram medo e terror”.
No mesmo dia que os jacques chegaram a Meaux, dois cavaleiros, que voltavam da cruzada na Prússia, acudiram as damas, um remédio que Deus, com Sua graça, concedeu a elas:
Agora observai a grande graça que Deus concedeu às damas e donzelas, pois, na verdade, teriam sido violadas, forçadas e perdidas, por nobres que fossem, se não houvessem sido salvas pelos gentis-homens que ali estavam, e de modo especial, pelo conde de Foix e meu senhor captal de Buch, pois estes dois cavaleiros vieram para destruir aqueles camponeses (FROISSART, op. cit.: 181).
Com cerca de quarenta lanças (120 homens), os cavaleiros, tendo à frente vinte e cinco cavaleiros de armaduras e gualhardetes de prata mostrando seus símbolos heráldicos, entraram na ponte. Provavelmente na ânsia da luta, os jacques imprudentemente decidiram avançar naquele estreito espaço, onde sua superioridade numérica não podia prevalecer — interessante observar que Froissart não permite que os jacques tenham nenhum tipo de coragem em batalha, pois afirma que
...quando aqueles miseráveis os viram assim formados, esqueceram o furor de antes. Ainda que não fossem muitos contra eles, os primeiros começaram a retroceder, e os gentis-homens a persegui-los e a lançar-lhes lanças e espadas e a derrubá-los. Então os que estavam diante e sentiam os golpes ou temiam recebê-los, retrocederam todos de uma vez de terror, e caíram uns em cima dos outros (FROISSART,op. cit.: 184)
Os cavaleiros os “mataram como bestas” — no sentido medieval, besta pode ser qualquer animal irracional (PANUNZIO: 1963), e morreram naquela dia cerca de sete mil. Meaux foi saqueada e incendiada, com todos os vilãos do burgo dentro, e ainda ardeu durante duas semanas, “...e foi posteriormente condenada por crime de lesa-majestade e eliminada como comuna independente.” (TUCHMAN, op. cit.: 166). Com essa vitória, os nobres ganharam confiança e a Jacquerie foi reprimida.
Mas faltava ainda Guilherme Carle. Carlos de Navarra, agora novamente aliado, contra-atacou na Picardia e em Beauvais. Marchou em Clermont, sob o controle de Carle, que comandou um ataque organizado em campo aberto. Surpreso, Navarra preferiu a traição: convidou Carle para conversar. O picardo aceitou, dirigindo-se ao acampamento de Navarra sem nenhuma proteção. Num gesto covarde, o rei de Navarra, nobre e cavaleiro, prendeu Carle e acorrentou-o.
Esta captura desarticulou completamente o exército camponês, que a seguir foi derrotado. Segundo Froissart, mais de três jacques mil foram mortos: “O próprio rei de Navarra acabou um dia com três mil muito próximo de Clermont, em Beauvaisis.” Trezentos que se refugiaram num mosteiro foram queimados vivos e Navarra ainda degolou Carle depois de tê-lo coroado rei dos jacques, num aro de ferro em brasa (TUCHMANN, op. cit.: 167).
Depois de Meaux e Clermont, os jacques não conseguiram mais se unir de novo, a Jacquerie terminara. O último líder da reação branca foi o nobre Enguerrand de Coucy:
Depois desta destruição que se fez em Meaux, não voltaram a se unir em nenhuma parte, pois o jovem senhor de Coucy, que se chamava meu senhor Enguerrand, ia com muitos gentis-homens acabando com todos os que encontravam, sem piedade nem mercê (FROISSART, op. cit.: 184)
Por fim, tentarei responder às questões levantadas por Garcia de Cortazar e Ruiz de Aguirre e consideradas essenciais enquanto “perspectivas de abordagem dos movimentos populares”:
1) a Jacquerie foi um movimento espontâneo ou organizado?
2) Quais foram as suas principais motivações?
3) E sobre a sua estrutura interna?
4) Qual foi o processo da revolta e a reação dos restantes grupos sociais?
5) Qual foi a amplitude geográfica da mesma? e
6) Quais foram as conseqüências do movimento a nível imediato? (CORTAZAR, 1983: 160).
A Jacquerie inicialmente foi um movimento espontâneo, mas que rapidamente evoluiu para uma contestação aberta aos nobres. A principal motivação dos jacques era o extermínio puro e simples da nobreza, ou, nas palavras de Froissart, “destruir a todos os gentis-homens e nobres do mundo para que não restasse ninguém”.
Sua estrutura interna baseava-se no campesinato dos arredores de Paris — segundo Duby, camponeses ricos (DUBY, 1992: 264). No entanto, Duby não indica a fonte de sua informação. Talvez se trate de uma hipótese por dedução, já que a região onde a revolta começou era uma das mais ricas da França, como vimos. Tinham líderes locais de destaque (como Guilherme Carle) mas sem nenhum tipo de comando militar, fator essencial nas derrotas de Meaux e Clermont.
Através das palavras de Froissart tentei mostrar pari passu o processo da revolta. O único grupo social que esboçou uma cooperação foi o dos burgueses citadinos — as cartas de perdão concedidas pelo infante Carlos depois dos acontecimentos mostram os ofícios sociais envolvidos com os jacques — açougueiros, padres, tanoeiros, até mesmo oficiais do rei (LUCE: 1895).
As consequências da revolta foram o oposto do que desejavam os jacques: o poder senhorial apertou o cerco; nenhum movimento surgiu em decorrência da sublevação; o povo de Paris tornou-se objeto de desconfiança por parte da monarquia; os Estados Gerais perderam o direito de se reunirem à revelia do rei — a monarquia estava com a campo aberto para se tornar absoluta; assim que foi eleito, Carlos V mandou construir a Bastilha (DUBY, 1992: 265). Demoraria quatrocentos anos para ser derrubada.
Fontes
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